Dono de ferro-velho é condenado por obstrução de Justiça no caso Marielle Franco em decisão da 37ª Vara Criminal do Rio.

Na última terça-feira, a 37ª Vara Criminal do Rio de Janeiro condenou Edilson Barbosa dos Santos, mais conhecido como Orelha, a cinco anos de reclusão e 17 dias-multa. A sentença foi decorrente do seu envolvimento no desmanche e descarte do carro Cobalt utilizado no duplo homicídio que chocou o país em março de 2018, vitimando a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.

Edilson, que é proprietário de um ferro-velho, foi denunciado pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público estadual em agosto de 2023 por obstrução de justiça. Segundo os promotores, o réu teria atrapalhado as investigações sobre o crime, dificultando a busca pela verdade dos fatos e prejudicando a administração da justiça.

A entrega do veículo pelos executores do crime, Ronnie Lessa e Elcio Vieira de Queiroz, ao denunciado, dois dias após o homicídio, obstruiu as investigações e contribuiu para a demora na identificação dos responsáveis intelectuais pelos assassinatos. A destruição do carro impossibilitou a realização de perícias cruciais para a elucidação dos fatos.

A promotora de Justiça Fabíola Tardin Costa, que acompanhou todo o processo, ressaltou que a conduta de Edilson não é incomum no universo das milícias, sendo utilizada em cerca de 90% dos assassinatos premeditados por esses grupos criminosos. O descarte dos veículos é uma estratégia recorrente para dificultar a identificação e captura dos culpados.

A decisão da 37ª Vara Criminal foi fundamentada na gravidade dos atos de Edilson, que colaboraram para a perpetuação da impunidade e para a manutenção da violência associada às milícias no Rio de Janeiro. A condenação representa um avanço na busca pela verdade e pela justiça no caso do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, que ainda aguarda a identificação e punição dos mandantes.

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