Governo ameaça voltar ao STF para cobrar compensação integral da desoneração da folha caso BC não considere “dinheiro esquecido” nas contas públicas.

Governo pode voltar ao STF para cobrar compensação completa da desoneração da folha

Em recente declaração, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, afirmou que o governo está considerando a possibilidade de retornar ao Supremo Tribunal Federal (STF) para exigir a compensação integral da desoneração da folha de pagamento. Essa medida seria tomada caso o Banco Central não reconheça o chamado “dinheiro esquecido” nos bancos no cálculo da meta fiscal.

Durigan mencionou que uma ação semelhante já foi realizada em 1997, durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e que naquela ocasião, a receita foi registrada pelo Banco Central como receita primária no resultado das contas públicas. Ele enfatizou que o governo buscará dialogar com o Banco Central para avaliar uma possível mudança de posição em relação ao passado.

A questão envolve a receita desses depósitos, avaliada em R$ 8,5 bilhões, aprovada pelo Congresso como forma de compensação pela perda de arrecadação decorrente da desoneração da folha de pagamento de empresas de 17 setores e dos municípios com até 156 mil habitantes. O impasse surgiu após o Banco Central informar, em nota ao Congresso, que tais depósitos não podem ser considerados como receita primária no cálculo do resultado das contas públicas.

Durigan ressaltou a necessidade de considerar esse montante como resultado primário para cumprir a exigência do STF de compensação pela diminuição da arrecadação devido à desoneração. Apesar de uma emenda ter aberto uma exceção na meta fiscal para permitir a apropriação desse dinheiro como receita pelo Tesouro Nacional, ainda há discussões sobre a legalidade da medida.

O secretário afirmou que eventuais ajustes na lei serão feitos para garantir a incorporação dos R$ 8,5 bilhões aos cofres públicos. Uma Medida Provisória ou um decreto podem ser editados para corrigir possíveis falhas no texto da legislação. A situação gera incertezas sobre a contabilização desse montante, mas Durigan ressaltou que a intenção não é adotar práticas de contabilidade criativa, mas sim seguir os princípios do direito público.

O cenário aponta para um embate entre o governo e o Banco Central em relação à interpretação da legislação e à contabilização dos recursos esquecidos nos bancos, tendo o STF como potencial mediador caso as partes não cheguem a um consenso. A questão fiscal continua sendo um desafio no tocante ao equilíbrio das contas públicas e ao cumprimento das metas estabelecidas.

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