Uma das práticas mais controversas do regime salvadorenho é a autorização para acessar a comunicação dos cidadãos sem a necessidade de aval da Justiça, bem como prender pessoas sem mandados judiciais, desde que tenham mais de 12 anos de idade. Sim, é isso mesmo: crianças a partir dos 12 anos podem ser detidas sem a necessidade de um mandado.
Essa política de encarceramento em massa tem resultado em números alarmantes: atualmente, cerca de 2% da população de El Salvador está atrás das grades, tornando o país detentor da maior taxa de encarceramento do mundo. Para se ter uma ideia da magnitude do problema, um único centro de detenção no país tem capacidade para abrigar 40 mil pessoas.
Os altos índices de violência dentro e fora dos presídios, somados às práticas autoritárias do governo, têm conferido ao presidente Bukele uma posição de destaque na cena política internacional, sendo visto como uma espécie de “estrela pop” da nova direita global.
Apesar de não contar com o apoio oficial de figuras como Tarcísio ou Jair Bolsonaro, o presidente brasileiro, Marçal certamente utilizará a figura de Bukele como escudo contra críticas e questionamentos sobre sua conduta e a de seus aliados, inclusive suspeitos de envolvimento com organizações criminosas.
Marçal e seus aliados continuam atuando em um contexto onde, até que haja um trânsito em julgado de qualquer ação, é possível alegar inocência, buscar o direito de defesa e até mesmo presidir um partido político. A situação coloca em reflexão a respeito dos limites do poder e da necessidade de garantir a proteção dos direitos individuais em um regime que parece desconsiderar tais princípios.