Teste de DNA para detecção de HPV no SUS: A revolução no rastreamento do câncer de colo de útero no Brasil

A partir de março deste ano, o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil iniciou uma importante transformação em relação ao rastreamento do HPV. O tradicional exame citológico conhecido como papanicolau está sendo substituído, de forma gradativa, pelo teste de DNA. A mudança vem após a incorporação da tecnologia ao SUS, baseada em um estudo realizado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) no município de Indaiatuba (SP).

Os resultados da primeira rodada de cinco anos do estudo demonstraram uma significativa melhora no programa de rastreamento de câncer de colo de útero realizado no município. O teste de DNA para detecção do HPV mostrou um aumento de até quatro vezes na detecção de lesões pré-cancerosas, além de ter identificado 83% dos casos de câncer em estágio inicial.

O estudo, realizado em parceria entre a Unicamp, a prefeitura de Indaiatuba e a farmacêutica Roche, acompanhou 20.551 mulheres, com uma cobertura de 58,7% e 99,4% de conformidade com a faixa etária alvo do programa. Os resultados positivos levaram à detecção de 258 lesões precursoras de alto grau e 29 casos de câncer cervical, com idade média de 41,4 anos, sendo 83% em estágio I.

A eficiência e a custo-efetividade do teste de DNA foram destacadas pelo diretor de oncologia do Hospital da Mulher da Unicamp, Júlio Cesar Teixeira, principal pesquisador do estudo. Ele enfatizou que a tecnologia é mais precisa e capaz de antecipar o diagnóstico em até dez anos, proporcionando maior segurança e eficácia no rastreamento do HPV.

Com a aprovação da tecnologia pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS, a implementação do teste de DNA para HPV será gradual em todo o país. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) será responsável por definir as diretrizes para o novo método de rastreamento, garantindo uma transição adequada e eficaz.

A utilização do teste de DNA, aliada à vacinação contra o HPV, poderá trazer grandes benefícios no combate ao câncer de colo de útero, tornando possível a eliminação da doença no futuro. Países como Austrália, Reino Unido e Escócia já adotaram essa estratégia, alcançando resultados positivos na redução de casos da doença.

Diante dos avanços da ciência e da disponibilidade da tecnologia, é esperado que o Brasil caminhe para um cenário de erradicação do HPV e do câncer de colo de útero. Com políticas públicas eficazes e o uso adequado dos recursos disponíveis, a prevenção e o tratamento da doença se tornarão mais eficazes, garantindo a saúde e o bem-estar das mulheres em todo o país.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo