Eleição brasileira: o método D’Hondt e a proporcionalidade na escolha de vereadores em cidades fictícias do país.

Neste momento em que escrevo esta matéria, mais de 150 milhões de eleitores brasileiros estão nas urnas para escolher os prefeitos e vereadores de suas cidades. A eleição para vereador é um assunto intrigante quando analisado sob a perspectiva matemática.

Segundo a legislação brasileira, trata-se de uma eleição proporcional, o que significa que, teoricamente, o número de vereadores eleitos por cada partido é proporcional ao total de votos recebidos, desconsiderando os votos na legenda. No entanto, a aplicação literal dessa regra pode gerar resultados incoerentes.

Para exemplificar essa questão, vamos considerar a cidade fictícia de Alguidares de Baixo, com uma Câmara Municipal de três cadeiras. Sete candidatos de três partidos se apresentam para a eleição, com votações distribuídas da seguinte forma: partido A (Ali com 25 votos, Ana com 12 e Ada com 8), partido B (Bia com 20 e Bel com 13) e partido C (Céu com 15 e Cid com 7).

A votação total do partido A representa 45% do total de votos válidos. Seguindo a regra de proporcionalidade, esse partido preencheria 45% das cadeiras disponíveis, ou seja, teria 1,35 vereador eleito. No entanto, como é impossível ter um vereador com meio mandato, surge a necessidade de métodos para converter as votações dos partidos em números de eleitos de forma aproximadamente proporcional, evitando números fracionários.

O método D’Hondt, proposto por Victor D’Hondt em 1878, é amplamente utilizado para esse fim. Através desse método, é possível calcular os quocientes das votações dos partidos pelos números inteiros correspondentes ao número de cadeiras a serem preenchidas. Isso permite uma distribuição mais justa e proporcional dos eleitos, favorecendo os partidos mais votados e encorajando a formação de coligações.

Desse modo, a aplicação do método D’Hondt tende a facilitar a formação de maiorias estáveis no cenário político eleito, reduzindo a fragmentação e favorecendo a governabilidade. Em resumo, a matemática se mostra essencial também nas eleições, garantindo uma representação mais justa e equitativa no sistema político brasileiro.

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