A pesquisa envolveu a análise de 53 microbacias do Alto Tietê, desde regiões de mata atlântica preservada até áreas completamente urbanizadas. Durante a coleta de dados para o projeto, Schiesari foi acompanhado pela Folha em duas bacias: Santo André, em área preservada, e Mauá, quase totalmente integrada à malha urbana.
Os resultados, compilados em um artigo científico em fase de prévia (ainda sem revisão de pares), indicam que a renda, aliada à falta de saneamento, influencia significativamente na presença de antidepressivos nas águas da bacia do Tietê. A pesquisa identificou que o tamanho populacional também tem um papel importante na concentração desses fármacos, demonstrando que quanto maior a população de uma área, maior a presença de antidepressivos.
Além disso, o estudo constatou que a maior parte das bacias com cobertura urbana continha de uma a oito moléculas diferentes de antidepressivos, com destaque para medicamentos como venlafaxina, bupropiona e sertralina. A análise das faixas de renda per capita das microbacias revelou que, em locais com alta renda e falta de saneamento básico, a contaminação por antidepressivos é mais acentuada.
Schiesari ressalta que a contaminação da bacia do Tietê pelos antidepressivos está relacionada principalmente aos descartes irregulares de esgoto, apontando que a região apresenta níveis de contaminação que estão entre os mais altos do mundo. O pesquisador alerta para os efeitos ambientais desses compostos, que podem afetar a biodiversidade da região.
Diante desse cenário, a pesquisa destaca a importância de políticas públicas e investimentos em saneamento básico para mitigar os impactos negativos dos antidepressivos na bacia do Alto Tietê. A Sabesp, responsável pelo tratamento de água e esgoto na região metropolitana, assegura que cumpre rigorosamente os padrões estabelecidos pela legislação, mas a questão da contaminação por fármacos nas águas continua sendo um desafio ambiental a ser enfrentado.