Seca histórica no rio Negro atinge menor nível em 122 anos em Manaus, agravando situação de emergência na Amazônia

O Rio Negro, em Manaus, atingiu um novo recorde de baixa profundidade, registrando 12,68 metros nesta quinta-feira (3), o menor nível em 122 anos de medição histórica. Essa marca superou o recorde anterior de 12,70 metros, registrado em outubro do ano passado, agravando a situação de seca na região amazônica, que enfrenta a mais severa dos últimos tempos em 2023.

Os dados foram divulgados pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), que apontou a marca às 17h30 desta quinta. De acordo com a análise do Greenpeace Brasil, o rio Negro vem perdendo em média 14 cm de profundidade por dia desde outubro, com picos de mais de 25 cm diários registrados em setembro. As projeções indicam que nos próximos dias o nível do rio pode diminuir ainda mais, atingindo uma nova mínima.

A pesquisadora em geociências do SGB, Jussara Cury, explicou que as descidas do nível do rio em Manaus têm sido menores recentemente, em torno de 17 cm por dia, mas ainda ocorrem descidas mais acentuadas na região a montante da bacia. A previsão de chuvas é pequena, o que aponta para a continuidade do processo de recessão nas próximas semanas.

O Rio Negro é o maior afluente da margem esquerda do rio Amazonas, percorrendo mais de 1.300 km do território brasileiro. O porta-voz do Greenpeace Brasil, Rômulo Batista, ressaltou a gravidade da seca na região amazônica em 2024, afirmando que quase todas as bacias da Amazônia enfrentam recordes de estiagem em alguns trechos.

A seca histórica na Amazônia já afeta a vida de 747.642 pessoas em todo o estado do Amazonas, de acordo com a Defesa Civil. Todos os municípios do estado estão em situação de emergência, enfrentando desafios no acesso à água, alimentação, saúde, educação e transporte. A seca também impacta diretamente comunidades ribeirinhas, quilombolas, indígenas e periurbanas de Manaus, evidenciando a urgência de medidas para mitigar os efeitos deste evento climático extremo.

Além do Rio Negro, outros rios da região amazônica também estão registrando mínimas históricas, como o Solimões e o Madeira. A situação se agrava com a redução das chuvas na região, tornando essa uma das secas mais graves da história. A situação preocupante levou a Folha a realizar uma série de reportagens sobre as consequências da seca para diferentes comunidades e territórios na região.

Os relatos de comunidades ribeirinhas em Tefé, as lutas dos indígenas diante da escassez de água potável e os impactos ambientais causados pela seca extrema são evidências claras da gravidade da situação na região amazônica. A população local enfrenta desafios diários para garantir acesso a recursos básicos, como água e alimentação, colocando em evidência a urgência de ações para enfrentar essa crise ambiental sem precedentes.

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