No entanto, a partir da primeira metade do século XX, os rios e córregos que cortavam a cidade começaram a ser canalizados e tampados, principalmente devido à visão sanitarista dos urbanistas da época. Corpos d’água passaram a ser vistos como um problema de saúde pública e a decisão de escondê-los foi tomada para proteger a população e favorecer o transporte rodoviário.
O prefeito Prestes Maia foi responsável por um golpe inicial nesse processo de encobrimento da rede hidrográfica de São Paulo, com seu Plano de Avenidas que previa a construção de vias rodoviárias onde antes corriam importantes rios da cidade. A avenida Nove de Julho, por exemplo, foi instalada sobre o Saracura, que foi canalizado e enterrado. Outros prefeitos, como Paulo Maluf, seguiram a mesma linha, canalizando diversos córregos e rios importantes da região.
Para o arquiteto e urbanista social José Bueno, coordenador do projeto Rios e Ruas, é importante resgatar a presença dos rios na cidade e destampá-los, mudando o paradigma de que rios a céu aberto são um problema. A impermeabilização do solo devido à expansão da malha viária sobre os rios contribuiu para problemas de enchentes na cidade.
Portanto, a necessidade de reidratar São Paulo e resgatar a presença dos rios na paisagem urbana torna-se urgente, com iniciativas para destampar os corpos d’água e devolver à cidade parte de sua natureza original.