O levantamento desses pontos de deslizamento foi conduzido por meio de imagens aéreas captadas logo após a ocorrência da tragédia. As descobertas desse estudo foram recentemente publicadas no Brazilian Journal of Geology e estarão disponíveis no repositório de publicações Zenodo, permitindo um acesso amplo às informações obtidas.
De acordo com o coordenador do projeto e professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, Carlos Henrique Grohmann, a maioria dos pontos de escorregamento identificados não se encontra em áreas urbanas. No entanto, a identificação desses pontos é crucial para auxiliar no direcionamento de políticas públicas voltadas para a região.
As intensas chuvas que desencadearam os deslizamentos em São Sebastião foram consideradas atípicas, com um volume de 683 milímetros em menos de 15 horas. Desse modo, o solo saturado não conseguiu suportar a carga hídrica, resultando em escorregamentos tanto em áreas urbanas quanto em zonas naturalmente mais propensas a esse tipo de fenômeno geológico.
O estudo realizado pela USP não visa apenas mapear áreas já conhecidas de risco, mas também destacar as regiões não habitadas que podem vir a se tornar vulneráveis a escorregamentos no futuro. Para aprimorar essas investigações, uma parceria foi estabelecida com o Instituto Geográfico e Cartográfico de São Paulo (IGC-SP), com apoio da Fapesp, a fim de implementar a tecnologia LiDAR, que utiliza laser pulsado para gerar dados topográficos precisos.
Dessa forma, o mapeamento de São Sebastião terá um nível de detalhamento mais aprimorado, permitindo uma compreensão mais profunda das suscetibilidades da região a deslizamentos. A cidade, que já havia sido alvo de estudos de risco de deslizamento, está passando por uma atualização dessas análises, visando a prevenção de novas tragédias e o aprimoramento das ações da Defesa Civil local.