De acordo com a pesquisa, em apenas 11 casos a cena do crime havia sido preservada corretamente para a atuação dos peritos, enquanto em outros nove não houve o isolamento adequado do local. Entre as justificativas apresentadas pelos policiais para essa falta de preservação estão: “área de risco”, “condições climáticas” e “dificuldade de isolamento da área”. A pesquisadora Luciana Fernandes, do Geni, destaca que a ausência de preservação dos locais compromete a reconstrução imparcial dos eventos, resultando em investigações menos contundentes.
É importante ressaltar que a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirma que todas as mortes durante a operação são rigorosamente investigadas pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento do Ministério Público e do Poder Judiciário, incluindo a realização de exames periciais fundamentais para esclarecer os acontecimentos. No entanto, o estudo aponta que em 10 dos 20 casos analisados, os corpos foram removidos do local dos confrontos, sendo que em 9 situações as vítimas chegaram às unidades de atendimento já sem vida.
Além disso, a pesquisa revela que as vítimas da operação Escudo tinham um perfil semelhante ao de outras vítimas da violência policial, predominantemente jovens, negros, pobres e moradores de favelas. A palavra dos policiais foi considerada como principal fio condutor das investigações, deixando de lado outros elementos como depoimentos de familiares, o que levanta questionamentos sobre a imparcialidade das apurações.
Diante das denúncias de execuções, invasões de residências e torturas durante a operação, a SSP enfatiza que todas as mortes estão sendo investigadas com isenção e que não há indícios de prática de tortura nos laudos periciais. A ação foi justificada como uma medida de combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado na região, resultando na prisão de lideranças criminosas e na apreensão de armas e drogas.
Em meio às controversas investigações e denúncias, a operação Escudo levanta questionamentos sobre a atuação policial, a transparência nas investigações e a necessidade de garantir a imparcialidade e o respeito aos direitos humanos em ações de segurança pública. Este caso reforça a importância do controle e fiscalização das forças policiais, visando promover a justiça e a proteção dos cidadãos.