A decisão do Copom foi unânime entre os membros do colegiado, com destaque para a participação do diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, que votou alinhado com o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto. Esse alinhamento é significativo, considerando que Galípolo é o nome indicado por Lula para assumir o comando do BC a partir de 2025, o que gerava expectativas de uma possível mudança na postura mais leniente em relação ao controle da inflação.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao ser questionado sobre a decisão do Copom, afirmou que não foi surpreendido, mas que só fará comentários após a publicação da ata da reunião, prevista para a próxima terça-feira. É importante ressaltar que a decisão do Copom ocorreu no mesmo dia em que o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, optou por cortar a taxa básica do país em 0,5 ponto, em uma decisão que não estava sendo amplamente esperada.
Segundo comunicado do Copom, a alta da Selic reflete um cenário de resiliência na atividade econômica, pressões no mercado de trabalho e expectativas de inflação desancoradas da meta oficial, que é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto. O colegiado destacou ainda a presença de uma assimetria altista em seu balanço de riscos para os cenários prospectivos da inflação, indicando uma postura mais rigorosa em relação ao controle inflacionário.
No mercado financeiro, o anúncio do Fed gerou impactos, com o dólar sendo negociado a R$ 5,41 no meio da tarde no Brasil, antes de fechar o dia a R$ 5,46, representando uma queda de 0,48%. Já o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores, registrou uma queda de 0,90%, com os investidores adotando uma postura mais cautelosa diante da incerteza provocada pela decisão do Copom e do Fed. A expectativa dos analistas é que haja pelo menos mais dois aumentos de 0,25 ponto na Selic até o final do ano, com a possibilidade de um terceiro aumento em janeiro, levando a taxa para 11,5%.
Em resumo, o aumento da Selic e a decisão do Fed marcaram um dia intenso nos mercados financeiros, evidenciando a preocupação com o controle da inflação e a busca pela estabilidade econômica em meio a um cenário internacional de incertezas. As próximas reuniões do Copom serão essenciais para acompanhar a evolução da dinâmica inflacionária e as decisões de política monetária que serão tomadas para garantir a saúde econômica do país.