Contaminação por metais após tragédia de Mariana afeta vida marinha na foz do rio Doce, no Espírito Santo.

No Espírito Santo, na região da foz do rio Doce, foram encontradas lesões e deformidades em tartarugas, toninhas e filhotes de peixes, levantando a suspeita de ligação com a tragédia de Mariana, que ocorreu em 2015. Pesquisadores apontam que o acúmulo de metais nos organismos do topo da cadeia alimentar pode estar relacionado ao rompimento da barragem de Fundão, que despejou milhões de metros cúbicos de rejeitos no meio ambiente.

Um relatório do Programa de Monitoramento da Biodiversidade Aquática concluiu que a concentração de alguns metais em animais da base da cadeia alimentar, como plânctons, organismos bentônicos e peixes, tem se mostrado cada vez mais alta. O fenômeno conhecido como biomagnificação faz com que esses elementos se acumulem nos organismos conforme são transferidos na cadeia alimentar.

Os efeitos desses metais no organismo dos animais são visíveis, com deformidades em larvas de peixes e lesões oculares em tartarugas. A Fundação Renova, responsável pela reparação dos danos da tragédia, afirmou que o acordo de cooperação técnico-científica com a Fest chega a R$ 696,5 milhões em contratos. Até julho de 2024, foram destinados R$ 37,47 bilhões às ações de reparação e compensação dos danos causados pelo rompimento da barragem.

A discussão sobre a indenização aos afetados pela tragédia continua entre mineradoras, governos e órgãos públicos. A correlação do acúmulo de metal nos animais com o rompimento da barragem foi feita a partir da comparação dos dados atuais com os coletados antes do desastre. O Instituto Tamar coleta informações na região há mais de 20 anos e confirma a ligação do acúmulo de metais com o rompimento da barragem.

Embora haja uma melhora na qualidade dos ambientes marítimos na região da foz do rio Doce, ela ainda não atingiu níveis pré-tragédia. A presença de rejeitos na Usina Hidrelétrica de Candonga levanta questões sobre as melhores ações a serem tomadas, considerando os impactos a curto e longo prazo. A situação se agrava durante os períodos chuvosos, quando os rejeitos são arrastados pelos rios até o oceano Atlântico. A gestão adequada desses resíduos se torna essencial para a proteção dos ecossistemas afetados.

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