Ana Frota explicou que a VOP, conhecida popularmente como gotinha, contém o vírus enfraquecido e, em condições sanitárias precárias, pode gerar casos de pólio derivados da própria vacina. Embora esses casos sejam considerados menos comuns do que as infecções pelo poliovírus selvagem, a frequência de ocorrência destes casos relacionados à vacina tem sido preocupante.
A substituição da VOP pela VIP em território brasileiro conta com o respaldo da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI) e segue as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com Ana Frota, a mudança é lógica e alinhada com as orientações internacionais. A VOP passará a ser utilizada somente em situações de controle de surtos, como tem sido feito na Faixa de Gaza, no Oriente Médio.
A especialista ressaltou a importância da vacinação de rotina, mencionando que cerca de 67 milhões de crianças perderam doses de vacinação entre 2019 e 2021 devido a diversos fatores, como emergências humanitárias e conflitos. A interrupção da vacinação contra a pólio durante a pandemia também contribuiu para lacunas na imunização.
O Ministério da Saúde anunciou que, a partir de 2023, a VIP será adotada exclusivamente no reforço aos 15 meses de idade, substituindo a dose oral. Com a mudança, o esquema vacinal com quatro doses garantirá a proteção contra a pólio. Desde 1989, não há registros de casos de pólio no Brasil, mas as coberturas vacinais têm apresentado quedas constantes nos últimos anos.
A atualização do calendário vacinal levou em consideração critérios epidemiológicos, evidências científicas e recomendações internacionais sobre o tema. A transição visa fortalecer a imunização da população brasileira e manter a erradicação da poliomielite no país.