Estudo inédito revela que 91% dos resíduos nas praias brasileiras são plásticos: consequências graves para o meio ambiente.

Uma pesquisa inovadora, realizada por uma equipe de especialistas e voluntários, percorreu mais de 8 mil quilômetros dos 17 estados litorâneos do Brasil e coletou uma impressionante quantidade de 2,3 toneladas de resíduos. O estudo revelou que 91% dos materiais encontrados nas 306 praias analisadas eram plásticos, uma porcentagem alarmante que reflete a gravidade da poluição de plástico em nossas costas.

Dentro desses plásticos, 61% eram de uso único, como itens descartáveis e embalagens não reutilizáveis, enquanto 22% eram fragmentos de plásticos de vida longa, como brinquedos e utensílios domésticos. Os apetrechos de pesca também contribuíram para a poluição, representando 17% dos resíduos encontrados. Esses números preocupantes revelam a urgência de ações para combater a crescente poluição plástica em nossas praias.

O relatório, lançado em São Paulo no dia 18 de julho, apontou que todas as praias estudadas apresentaram resíduos em suas areias, sendo que 97% delas continham microplásticos. Em média, a cada 2 metros quadrados de areia, foram encontradas 10 partículas de microplásticos e 1 macrorresíduo. A praia de Pântano do Sul, em Florianópolis, foi identificada como a mais gravemente impactada, com 17 resíduos e 144 partículas de microplástico em apenas 1 metro quadrado de areia.

Os dados coletados durante a 1ª Expedição Ondas Limpas na Estrada destacam a presença predominante de microplásticos e macrorresíduos plásticos nas praias do Sul e Sudeste do Brasil. No entanto, as praias da região Norte apresentaram menor poluição plástica. A análise por estado revelou que Paraná, Piauí e Pernambuco lideram em quantidade de microplástico, enquanto Paraíba, Pernambuco e Paraná são os maiores em macrorresíduos plásticos.

Para Alexander Turra, professor da USP e coordenador da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano, os resultados do estudo fornecem um panorama sólido da situação do lixo nas praias brasileiras. A poluição por plásticos representa uma ameaça crescente ao meio ambiente marinho e à vida marinha, exigindo a implementação de políticas públicas eficazes para combater esse problema.

Diante do aumento do uso global de plástico, as projeções indicam que em 2050 poderá haver mais plástico do que peixe nos oceanos. A má gestão dos resíduos sólidos urbanos contribui significativamente para a poluição plástica, com mais plástico escapando para o meio ambiente do que sendo reciclado.

O estudo destaca a necessidade urgente de ações para reduzir o consumo de plástico, aumentar a reciclabilidade dos materiais, e intensificar os esforços de coleta e reciclagem. A implementação do Tratado Global de Combate à Poluição Plástica, atualmente em negociação pela ONU, é vista como uma medida fundamental para lidar com essa questão complexa.

Em suma, a poluição por plásticos representa uma ameaça crescente para nossos oceanos e praias, exigindo a adoção de medidas eficazes para preservar o meio ambiente marinho e garantir a sustentabilidade das nossas costas. A conscientização e ações individuais e coletivas são essenciais para reverter essa tendência alarmante e proteger os ecossistemas marinhos para as gerações futuras.

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