Estudo revela que 60% das ações judiciais contestando reajustes em planos de saúde coletivos têm decisão favorável aos usuários.

Uma pesquisa realizada por pesquisadores da Fundação Getulio Vargas (FGV) e da Universidade de São Paulo (USP) revelou que seis em cada dez ações judiciais que contestam os reajustes nas mensalidades de planos de saúde coletivos resultam na revisão dos aumentos pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), favorecendo os usuários em detrimento das operadoras de saúde. A ausência de transparência ou justificativa nos cálculos dos reajustes pelas operadoras foi apontada como o principal motivo para a revisão.

De acordo com a pesquisa intitulada “Revisão judicial dos Reajustes de Planos de Saúde no Tribunal de Justiça de São Paulo”, publicada na revista Direito Público, dos 666 decisões judiciais analisadas, em 60% dos casos houve consideração de ilegalidade nos reajustes. O TJ-SP costuma utilizar o índice de reajuste aplicado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aos planos individuais e familiares em suas revisões, sendo que este ano ocorreu um aumento médio de 14% nos planos coletivos, em comparação aos 6,9% nos planos individuais.

Segundo o professor da FGV Direito SP, Daniel Wang, que participou do estudo, a prova de que a forma como os cálculos dos reajustes são feitos pelas operadoras não é transparente ou fundamentada devidamente é evidenciada pelas decisões judiciais. Ele ressalta a importância de se discutir a regulação dos reajustes nos planos coletivos, considerando a possibilidade de explorar outros modelos que ofereçam segurança sem incorrer nos riscos associados à regulação pelo índice da ANS.

É previsto que até o final de setembro a ANS aprove a realização de uma audiência pública para debater a estrutura relacionada à transparência nos reajustes dos planos de saúde, além de outros itens. Wang destaca que, embora aumentar a transparência nesses processos seja importante, é fundamental compreender que a limitação dos aumentos nos planos de saúde está diretamente ligada ao controle dos custos da saúde. A pressão sobre os custos ocorre principalmente devido ao aumento dos preços dos serviços, da frequência de uso e da incorporação de tecnologias, sendo essencial aceitar limites nessas três dimensões para conter os aumentos nas mensalidades.

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