Este comportamento menos engajado da mídia não é exclusivo do Brasil. Com exceção da Inglaterra, que desde as Olimpíadas de Londres em 2012 vem se destacando pela forte adesão popular às Paralimpíadas, os eventos voltados para pessoas com deficiência não costumam receber a mesma atenção das Olimpíadas.
No entanto, não se pode atribuir essa invisibilidade dos Jogos a uma intenção maldosa. A mídia reflete a sociedade, acompanhando seus avanços e letargias em relação à inclusão e diversidade, processos que ainda são lentos e complexos. As redes sociais têm desempenhado um papel importante ao pressionar por mudanças, provocar reflexões e influenciar tomadas de decisão.
A presença e visibilidade de pessoas com deficiência não devem se limitar aos momentos de grandes eventos esportivos. É preciso questionar e incluir essas pessoas em todos os aspectos da vida cotidiana, como no trabalho, estudo, lazer, consumo e interações sociais.
No campo esportivo, a emocionante derrota dos cegos do futebol paralímpico para a Argentina representa não apenas uma perda esportiva, mas também a vivência de expectativas não atingidas e o sofrimento da derrota, experiências comuns a todos os seres humanos, independentemente de suas capacidades.
Assim, a cobertura e visibilidade dos Jogos Paralímpicos devem ser ampliadas e integradas de forma mais consistente à sociedade, promovendo a inclusão, a diversidade e a valorização das habilidades de todos os atletas envolvidos, independentemente de suas limitações físicas.