A autora aborda de forma sincera e corajosa a experiência de perder as palavras como elo com o mundo e a memória. A filha do personagem John questiona o que resta quando as palavras desaparecem, se ainda é possível lembrar e sentir sem conseguir nomear essas emoções e lembranças. Esse questionamento leva o leitor a refletir sobre a importância das palavras em nossa existência e como a ausência delas pode afetar nossa capacidade de nos conectar com o mundo e com nós mesmos.
Além disso, a obra também destaca a relação entre a demência e a perda de identidade, mostrando como a doença pode afetar a personalidade e a lucidez de uma pessoa. A autora Bettina Bopp, em seu livro “Afetos colaterais”, também aborda esse tema ao relatar a experiência de lidar com a demência de sua mãe e a desconstrução da linguagem que essa condição acarreta.
Ao longo da leitura de “John”, o leitor é levado a refletir sobre o esquecimento, a ausência de palavras e o silêncio como elementos que podem revelar aspectos profundos da nossa existência. As perguntas levantadas pela obra, como a função do esquecimento e o que surge do silêncio, acompanham o leitor mesmo após o término do livro, ampliando as reflexões sobre a natureza da linguagem e da memória.
Em resumo, “John” é mais do que um livro sobre o luto e a perda. É uma obra que nos convida a explorar os limites da linguagem e a confrontar o vazio deixado pela ausência das palavras em nossas vidas. A leitura desse livro certamente proporciona uma experiência reflexiva e profunda, levando o leitor a questionar seus próprios sentimentos, memórias e relações com o mundo ao seu redor.