Os dados foram coletados pelo Datafolha, que entrevistou 2.508 pessoas com mais de 16 anos em todas as regiões do Brasil. A pesquisa revelou que indivíduos com renda familiar entre dois e dez salários mínimos são os que mais convivem com cracolândias em seus trajetos diários. Além disso, a pesquisa mostrou que a presença dessas cenas de uso de drogas não está restrita apenas aos centros urbanos, atingindo pessoas de diferentes níveis sociais em diversas localidades.
O problema das cracolândias parece se agravar ao longo do tempo, de acordo com o cientista político André Zanetic, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Ele aponta um aumento da pobreza na última década e a exploração do potencial de lucro associado às drogas pelo crime organizado como fatores que contribuem para a proliferação dessas áreas de uso de crack. Zanetic ressalta a falta de alternativas para tratamentos estáveis dos dependentes químicos, criticando a abordagem predominantemente repressiva adotada pelo poder público em relação ao problema.
Diante desse cenário, é urgente que políticas públicas abrangentes sejam implementadas para lidar com as cracolândias e a dependência química, buscando não apenas a segurança pública, mas também soluções sensíveis às questões sociais e particulares envolvidas. A conscientização e o engajamento da sociedade civil também são fundamentais para combater esse grave problema que afeta milhões de brasileiros em seu cotidiano.