Além das barreiras sociais, Gabriel também enfrentou questões raciais. Na escola, onde foram criados apelidos para diferenciar os homônimos, Gabriel se viu sendo intitulado de “Gabnegão” por ser o único aluno negro na turma. Hoje, aos 21 anos, estudante de administração pública na FGV, Gabriel faz parte da Ponteduca, uma organização que luta pela redução das desigualdades socioeconômicas na educação particular.
Em depoimentos à imprensa, outros alunos e ex-alunos de escolas de elite, como Porto Seguro, São Luís e Santo Américo, relataram situações de discriminação e segregação dos bolsistas, tanto de forma velada quanto institucionalizada. No São Luís, por exemplo, bolsistas estudavam no período noturno, em um prédio separado dos alunos pagantes, e competiam apenas entre bolsistas em atividades esportivas.
Esses relatos evidenciam a necessidade de um debate mais amplo sobre a responsabilidade das escolas particulares em oferecer cuidado e proteção aos alunos bolsistas. Recentemente, o tema ganhou destaque após um aluno bolsista do colégio Bandeirantes, na Vila Mariana, cometer suicídio após sofrer discriminação.
A socióloga Ednéia Gonçalves ressalta a importância das escolas e famílias tratarem a concessão de bolsas como uma questão de equidade, promovendo a integração e o respeito entre todos os estudantes. Além disso, ela ressalta a importância de ações concretas para combater o preconceito, como a realização de atividades conjuntas entre alunos pagantes e bolsistas.
Diante dessas questões, é fundamental que as escolas particulares repensem suas políticas de inclusão e promovam um ambiente acolhedor e igualitário para todos os alunos. A educação deve ser um espaço de aprendizado, respeito e diversidade, onde cada estudante se sinta valorizado e integrado, independentemente de sua condição financeira.