Um exemplo desolador dessa situação é o caso de Shamila e Amina, duas irmãs entregues em casamento por seus pais em troca de dinheiro para ajudar a família a se preparar para enchentes iminentes. Shamila, com apenas 14 anos, casou-se com um homem bem mais velho na esperança de ter uma vida mais próspera. No entanto, a realidade pós-casamento se revelou cruel, com a jovem agora enfrentando dificuldades financeiras e falta de recursos básicos.
A triste saga das “noivas das monções” se repete em diversas famílias paquistanesas, que veem no casamento precoce uma forma desesperada de garantir a sobrevivência diante das adversidades climáticas. Com as enchentes de 2022 afetando milhões de pessoas e deslocando famílias inteiras, a insegurança financeira e a falta de alimentos têm levado muitas meninas a trocar a infância pelo casamento em busca de algum apoio.
A província de Sindh, uma das mais afetadas pelas enchentes, viu um aumento significativo nos casamentos precoces após os desastres naturais. Ativistas de direitos humanos, como Mashooque Birhmani, destacam a necessidade de combater essa prática nociva, que coloca em risco o futuro e a dignidade de jovens meninas.
Ainda que existam leis no Paquistão que estabelecem uma idade mínima para o casamento, a aplicação dessas leis é falha, resultando em altos índices de casamentos precoces no país. O Unicef alerta para o retrocesso nos avanços conquistados na redução do casamento infantil, especialmente em contextos de crises climáticas.
Diante desse cenário alarmante, é fundamental que medidas sejam tomadas para proteger e garantir um futuro seguro e digno para as crianças no Paquistão. A conscientização, o fortalecimento das leis e o apoio às famílias vulneráveis são passos essenciais para evitar que mais meninas se tornem vítimas das “noivas das monções” em um ciclo de pobreza e exploração.