Os moradores da estrada resistem em deixar o local e se mudar para um centro humanitário inaugurado pelo governo estadual, por razões como medo de saques na residência afetada e cansaço dos abrigos temporários. No caso de Milton, a resistência se dá pelo grande número de animais que a família mantém, mais de 40 bichos, tornando difícil a realocação em um abrigo urbano.
Com as doações de madeira e lonas, a família construiu uma cocheira e um chiqueiro para os animais debaixo da ponte. A rotina da família é marcada pela lida diária com os animais, pelo trabalho informal de frete de Milton e pelos estudos de Gabriela em uma unidade de Educação de Jovens e Adultos. A situação precária reflete a dificuldade em realocar as famílias afetadas de maneira definitiva.
O governo federal anunciou a compra de 10.000 residências prontas e a construção de 11.500 unidades no programa Minha Casa Minha Vida no Rio Grande do Sul. Entretanto, a lentidão na resposta aos danos causados pelas enchentes tem gerado debates entre autoridades locais e federais. A família de Milton se enquadra nos critérios de assistência habitacional do governo, mas ainda aguarda a garantia de uma nova moradia.
A situação de Milton e sua família reflete não apenas a tragédia das enchentes, mas também a complexidade e lentidão dos processos de reconstrução e realocação das famílias afetadas. Enquanto isso, a vida segue debaixo da ponte, com a esperança de um dia poderem retornar a uma moradia digna e segura.