Iracema de Almeida: a pioneira na luta pelos direitos negros no Brasil e seu legado esquecido

No dia 11 de outubro de 1976, na Câmara de Vereadores de São Paulo, a médica Iracema de Almeida fez um discurso marcante como presidente do GTPLUN (Grupo de Trabalho de Profissionais Liberais e Universitários Negros), que tinha como objetivo a profissionalização da população negra para promover a melhoria econômica. Nesse período, em plena ditadura militar, o Brasil ainda mantinha a ideia de uma suposta “democracia racial”.

Iracema de Almeida, nascida em 1921 e falecida em 2004, era uma das primeiras mulheres negras formadas em Medicina no Brasil. Além disso, ela se destacou por trazer à tona a questão da anemia falciforme, uma doença predominante entre a população negra, mas pouco reconhecida na época. Seu empenho em estudar e divulgar a doença foi fundamental para o conhecimento e tratamento da mesma.

Apesar dos feitos e da importância de Iracema de Almeida, sua história é pouco conhecida atualmente. Por ser de uma geração mais velha do que os líderes do Movimento Negro Unificado (MNU), que é mais lembrado na mobilização negra dos anos 1970, e também por questões de machismo dentro do próprio movimento negro, sua memória foi apagada ao longo dos anos.

O GTPLUN, do qual Iracema fez parte, adotou uma postura de alinhamento ao regime militar, o que gerou controvérsias e contribuiu para o ostracismo do grupo e, consequentemente, de sua líder. Estudos mais aprofundados sobre a vida e os feitos de Iracema de Almeida são necessários para resgatar sua importância na luta pela profissionalização do negro no Brasil e na conscientização sobre a anemia falciforme.

Portanto, é crucial relembrar e reconhecer a trajetória de Iracema de Almeida, uma pioneira na luta pela igualdade racial e na promoção da saúde da população negra, que enfrentou desafios e contribuiu significativamente para a sociedade brasileira.

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