O preço do açúcar bruto fechou em alta de 3,5% nesta segunda-feira, atingindo US$ 0,19 por libra-peso, o que representa um pico para o mês. A reação do mercado financeiro às queimadas nos canaviais levou os investidores a cobrir parte de suas posições vendidas em futuros da commodity em Nova York. Até a tarde desta terça-feira, os contratos futuros do açúcar bruto continuavam em alta, com um aumento de 2,36%.
Estima-se que os prejuízos causados pelos incêndios somente no estado de São Paulo cheguem a R$ 350 milhões, de acordo com a avaliação da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana).
Para o diretor executivo da Archer Consulting, Arnaldo Archer, as queimadas não devem afetar significativamente a demanda dos consumidores finais, devido à alta produção em relação ao consumo interno de açúcar no Brasil. Ele explica que o consumo interno representa cerca de 25%, sendo que apenas 7,5% dessa produção é comercializada diariamente, o que não é suficiente para afetar o preço final.
Archer destaca que as queimadas afetaram aproximadamente 0,7% da produção do centro-sul, região da qual São Paulo faz parte. Em comparação com a produção estimada em 605 milhões de toneladas por ano, esse impacto não deverá criar um problema de disponibilidade do produto.
No entanto, medidas para compensar os danos causados pelos incêndios podem resultar em aumentos pontuais nos preços do açúcar. O economista André Braz, da Fundação Getulio Vargas (FGV), aponta que essas medidas seriam o principal motivo para um possível aumento nos preços.
Além disso, a seca severa que afeta 16 estados brasileiros, considerada a pior dos últimos 44 anos, pode ter um impacto mais significativo nos preços dos derivados da cana-de-açúcar do que os incêndios. Segundo Archer, a redução na disponibilidade de açúcar devido à seca pode ser até 10 vezes maior do que a causada pelos focos de incêndio.
Os cinco maiores produtores de cana-de-açúcar do país estão localizados em estados que enfrentam a seca severa: São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná. Portanto, o cenário climático adverso pode impactar tanto os consumidores quanto os importadores no médio e longo prazo.
Diante desse contexto, é importante estar atento às possíveis variações nos preços do açúcar e do etanol, pois o mercado pode sofrer interferências tanto dos incêndios nos canaviais quanto da seca que assola o país. É essencial acompanhar de perto as medidas tomadas pelas autoridades e pelo setor privado para minimizar os impactos desses eventos na cadeia produtiva e no bolso dos consumidores.