O projeto intitulado Diplomação da Resistência é uma iniciativa da USP para homenagear aqueles cujas vidas foram interrompidas pela violência do Estado durante a ditadura militar. Segundo Renato Cymbalista, diretor do Prip (Políticas de Reparação, Memória e Justiça da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento), este é um reconhecimento necessário dessas vidas que foram ceifadas brutalmente, e que certamente teriam alcançado destaque em suas carreiras.
Os familiares dos alunos falecidos receberão um diploma honorífico de graduação em nome dos estudantes. A Comissão da Verdade identificou um total de 31 estudantes na universidade que merecem receber diplomas póstumos. Dois deles foram homenageados em dezembro passado: Alexandre Vannucchi Leme e Ronaldo Mouth Queiroz, alunos do curso de geologia assassinados em 1973.
Além desses casos, o jornalista Caco Barcellos revelou em 2001 que o casal Catarina Helena e João Antônio Santos Abi-Eçab, aparentemente vítimas de um acidente de carro em 1968, na verdade foram presos, torturados e assassinados. Isso também ocorreu com Isis Dias de Oliveira, que desapareceu em 1972 e foi declarada morta em 1979 por um general.
O projeto também inclui homenagens a ex-alunos como o frei Tito de Alencar Lima, da Ordem dos Dominicanos, que foi preso e torturado, sendo posteriormente banido do Brasil em 1971. Frei Tito cometeu suicídio na França em 1974. Essas ações demonstram o compromisso da USP em não se calar diante das injustiças e em promover a memória e justiça social, segundo Paulo Martins, professor e diretor da FFLCH.