TRF2 concede habeas corpus a ex-CEO das Americanas, revogando mandado de prisão e liberando-o em Madri; acusado de fraude bilionária.

O ex-CEO do Grupo Americanas, Miguel Gutierrez, teve seu habeas corpus concedido pela Segunda Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) nesta quinta-feira (22). O mandado de prisão contra ele foi revogado, permitindo que Gutierrez, que reside em Madri, na Espanha, retorne à sua rotina. O executivo, que possui dupla cidadania, foi alvo da Operação Disclosure da Polícia Federal, que investiga uma fraude bilionária na rede de comércio varejista.

A prisão preventiva de Gutierrez foi decretada pela 10ª Vara Federal Criminal sob a alegação de risco de fuga, colocando em dúvida a aplicação de uma possível pena. No entanto, a Justiça espanhola o liberou após prestar depoimento e concordar em seguir medidas cautelares como entregar seu passaporte, não sair do país e se apresentar periodicamente às autoridades.

O Ministério Público Federal acusa Gutierrez de articular um esquema de fraude na contabilidade da empresa, inflando números para receber altos bônus e lucrando com a venda de ações. As fraudes contábeis ultrapassaram os R$ 25 bilhões, mas a defesa do ex-CEO nega as acusações.

O relator do caso, desembargador Flávio Lucas, reconheceu indícios da participação de Gutierrez na fraude, mas aceitou os argumentos da defesa de que não houve intenção de fuga. O magistrado também destacou que, mesmo no exterior, Gutierrez cooperou com as autoridades brasileiras por meio de videoconferências, demonstrando não haver risco à aplicação da lei penal brasileira.

A decisão da Segunda Turma foi unânime, indicando que, caso Gutierrez descumpra as medidas cautelares impostas na Espanha, a Justiça brasileira pode reavaliar sua situação. A revogação do habeas corpus também segue o precedente estabelecido com a ex-diretora da Americanas, Anna Cristina Ramos Saicali, que teve sua prisão convertida em medida cautelar após entregar seu passaporte ao retornar ao Brasil.

O TRF2 destacou que a decisão visa garantir os direitos do investigado sem prejudicar o andamento das investigações. A expectativa agora é que Gutierrez retome suas atividades com a certeza de que seus direitos estão protegidos dentro do processo legal e sem a necessidade de retornar imediatamente ao Brasil.

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