Princesa era assim chamada por ela mesma, e a alcunha combinava perfeitamente com sua postura altiva, mesmo sem ter um castelo ou um lar. Ela tinha suas peculiaridades, aceitando doações de acordo com seus próprios critérios e princípios. Durante uma década, almoçou na casa de um homem chamado João, que se tornou um grande amigo para ela. João tinha o hábito de lhe oferecer café com leite do jeito que ela gostava e lhe dava duas notas de R$ 10 a cada sexta-feira, mesmo quando a nota de R$ 20 foi introduzida.
A vida de Princesa era marcada por rotinas inalteráveis, como lavar o rosto obsessivamente no bebedouro do Parque Buenos Aires e descansar nos mesmos locais. Ela tinha suas preferências e recusava mudanças, sendo uma andarilha de caminhos conhecidos. Cordial com cumprimentos, ela não aceitava ser chamada de coitada, afirmando com firmeza sua identidade como a princesa de Higienópolis e do Pacaembu.
Apesar das incertezas sobre sua história e motivações, Princesa era parte da comunidade e conquistou o carinho de muitas pessoas. Seu trágico fim comoveu a todos, que aguardaram cerca de cinco horas até o recolhimento de seu corpo. Graças ao seu filho Jan, ela não foi enterrada como uma indigente. Jan organizou uma vaquinha para o traslado do corpo, garantindo que sua mãe fosse enterrada em sua cidade natal, em Palmeira dos Índios.
A morte de Princesa deixou uma lacuna no coração daqueles que a conheciam. Seu velório e enterro foram marcados por homenagens e reconhecimento da comunidade que ela tanto impactou. Que ela descanse em paz e que sua memória seja preservada como parte da história de Higienópolis.