Durante cinco anos da década de 60, Raful dedicou seu tempo e esforço para construir, em São Paulo, uma réplica de uma vila colonial. Denominada de Rafulândia, a vila contava com diversas construções, como casas, capela, museu desativado, pequenas vendas, um sobrado para o paço municipal e até uma cadeia pública. Tudo isso escondido atrás de altos portões de ferro na rua Rubi, na Aclimação.
Ao adentrar nesse pequeno universo particular, era como se os visitantes fossem transportados para outra época. Raful criou esse espaço para sua própria contemplação, raramente convidando amigos para visitar. Seu neto, Victor Raful, descreve o amor do patriarca pela nostalgia do tempo antigo e a tranquilidade que ele encontrava em sua Rafulândia.
O financiamento desse grandioso projeto veio das vendas de baralhos em todo o Brasil e de seus serviços de mágico. Raful fez questão de utilizar materiais de demolição do século 19, vindos inclusive de outras cidades, para garantir a autenticidade de sua vila colonial. Além disso, ele mantinha em seu museu particular uma coleção impressionante, incluindo carros e outros meios de transporte.
Após a morte de Raful, a vila e seu acervo permaneceram esquecidos por anos, cobertos pela poeira do tempo. Somente recentemente, entre 2021 e 2022, seu neto Victor decidiu colocar os itens à venda, resultando na comercialização de 95% das peças. Agora, o próximo passo é revitalizar a vila e transformá-la em um local de convívio para o público, tornando-a uma referência turística.
A Rafulândia está, aos poucos, despertando de seu sono histórico, graças ao empenho de Victor em preservar e dar vida ao legado deixado por seu avô. Com novos planos e parcerias em vista, a vila secreta promete se tornar um ponto de interesse para os amantes da história e da arquitetura colonial. Victor se orgulha em ser o guardião desse tesouro que agora se abre para o mundo.