Com essa decisão, já chega a oito o número de PMs que respondem como réus por mortes ocorridas durante a Operação Escudo. Ao todo, 28 pessoas foram mortas por policiais ao longo da operação, desencadeada após a morte de um soldado da Rota no final de julho do ano passado.
A decisão do juiz Edmilson Rosa dos Santos, emitida em 2 de agosto, foi inicialmente noticiada pelo UOL e posteriormente confirmada pela Folha. A denúncia contra o tenente Júlio Cézar dos Santos e o cabo Maykon Willian da Silva, do 4º Baep, foi oferecida em 15 de julho.
A defesa do tenente Júlio Cézar dos Santos afirmou que a denúncia se baseia apenas em interpretação de laudos periciais e que a ocorrência foi legítima, destacando a apreensão de uma metralhadora no caso. Já a defesa do cabo Maykon não foi contatada para comentar o caso.
Durante a operação, os policiais envolvidos possuíam câmeras corporais, porém elas estavam descarregadas durante a ocorrência, não registrando o momento da morte. De acordo com a denúncia do Gaesp, os PMs encontraram a vítima em determinado ponto da viela e atiraram, resultando na morte de Wellington Gomes da Silva.
Segundo os promotores, os policiais atiraram quando a vítima já não oferecia mais perigo e demoraram cerca de 23 minutos para acionar o resgate. A denúncia também aponta que a vítima foi retirada do local mesmo após já estar morta, o que configura uma possível alteração ilegal da cena do crime.
Diante dessas acusações, o Gaesp solicitou o afastamento dos policiais de suas funções, porém o juiz decidiu mantê-los nos cargos, com a possibilidade de revisão no futuro. Este caso se soma a outras mortes ocorridas em resposta a ataques contra policiais na Baixada Santista, totalizando 93 mortos pela polícia. Durante as operações, a falta de câmeras corporais em todos os policiais e a dificuldade na coleta de provas foram apontadas como obstáculos para as investigações.