O mapeamento realizado pela Campanha revelou que os despejos e remoções forçadas atingiram não apenas indivíduos, mas também comunidades inteiras, que foram expulsas de seus locais de moradia. Esse aumento dramático no número de casos pode ser atribuído a diversos fatores, como a suspensão temporária de despejos durante a pandemia de covid-19, decretada pelo Supremo Tribunal Federal e que gerou uma acumulação de processos represados.
Além disso, o custo de vida elevado provocado pela pandemia pode ter levado muitas famílias a recorrerem a ocupações urbanas como alternativa. O perfil das vítimas de despejos e remoções forçadas revelou a desigualdade social vigente no país, com a maioria dos afetados sendo pessoas pretas e pardas, mulheres e com renda de até dois salários mínimos.
A pesquisa apontou ainda que mais de 267 mil crianças e 262 mil idosos foram impactados por essas situações, evidenciando a vulnerabilidade de diversos grupos da população diante da crise habitacional. A Campanha Nacional Despejo Zero ressaltou que o número de casos pode ser ainda maior, uma vez que não inclui a população em situação de rua e pessoas ameaçadas por desastres socioambientais.
Raquel Ludermir, gerente de Incidência Política da organização Habitat para a Humanidade Brasil, enfatizou a necessidade de políticas públicas eficazes para mediar conflitos fundiários e garantir o direito à moradia digna para todos os brasileiros. Ela alertou sobre a importância de repensar grandes obras, que muitas vezes resultam em remoções forçadas e agravam o déficit habitacional.
Em um país com milhões de pessoas em situação de inadequação habitacional, o combate à crise habitacional requer ações urgentes e coordenadas entre diferentes esferas governamentais. A sociedade civil e as autoridades competentes precisam unir esforços para encontrar soluções sustentáveis que garantam o direito à moradia para todos os cidadãos.