MPF recomenda suspensão de operações de crédito de carbono em florestas do Amazonas sem consulta prévia às comunidades tradicionais.

O Ministério Público Federal emitiu uma recomendação ao governador do Amazonas, Wilson Lima, pedindo a suspensão de todas as operações para geração e venda de créditos de carbono em áreas de floresta habitadas por comunidades tradicionais. A medida foi tomada com base na necessidade de comprovar a eficácia desses créditos na mitigação das mudanças climáticas, bem como garantir que as operações não violem os direitos dessas comunidades e que haja uma consulta prévia e livre sobre os projetos em andamento.

O MPF alertou que o descumprimento da recomendação pode resultar em medidas judiciais e extrajudiciais contra os responsáveis. O governo do Amazonas terceirizou a geração de créditos de carbono em uma área equivalente a metade do estado de São Paulo, sem realizar consultas prévias às comunidades tradicionais dessas regiões. As empresas selecionadas para atuar nesses projetos poderão reter até 15% do valor gerado, a título de custos administrativos.

Além disso, a recomendação do MPF foi direcionada não apenas ao governador, mas também a diversos órgãos, prefeitos, empresas, ONGs e certificadoras envolvidas no mercado de créditos de carbono ligados a áreas ocupadas por populações tradicionais. A operação Greenwashing da Polícia Federal revelou um esquema criminoso que movimentou milhões de reais em créditos de carbono gerados em áreas griladas no sul do Amazonas, envolvendo lavagem de madeira e corrupção de servidores de órgãos governamentais.

A recomendação do MPF visa garantir que as comunidades tradicionais sejam devidamente consultadas e beneficiadas por esses projetos, em conformidade com a legislação e os direitos dessas populações. O cumprimento das normas estabelecidas pela Convenção da ONU sobre Mudança do Clima é essencial para assegurar que a geração de créditos de carbono seja feita de maneira legal e transparente, sem prejudicar o meio ambiente e os direitos das comunidades locais.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo