O anúncio dessa mudança, realizado no ano passado, teve como principal defensora a presidente do Conselho Curador da Fuvest e vice-reitora da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda. Em sua justificativa, Maria Arminda destacou que muitas escritoras femininas passaram décadas sem o devido reconhecimento, devido à invisibilidade imposta pelo machismo na sociedade.
Lella Malta, fundadora e coordenadora do grupo Escreva, garota!, que apoia e capacita mulheres escritoras, ressaltou que a invisibilidade feminina na literatura ainda persiste no Brasil. Em entrevista durante a Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), em Salvador, Lella Malta afirmou que as mulheres ainda ocupam pouco espaço nas prateleiras e nos eventos do mercado editorial, o que reflete a falta de valorização de suas produções.
Durante a Flipelô, o grupo Escreva, garota! promoveu discussões sobre a literatura feminina e apresentou os trabalhos das escritoras participantes do coletivo. Antonia Maria da Silva, autora de “Sobre Ventos Passados”, revelou que começou a escrever aos 17 anos, mas foi somente há dois anos que se lançou no mercado literário com o apoio de sua filha.
Outra autora, Gil Lourenço, que escreveu “O Sal do Amor”, seu primeiro livro solo, destacou que a escrita é uma forma de empoderamento feminino. Gil ressaltou a importância de mulheres escreverem e consumirem obras de outras mulheres para fortalecer a presença feminina no mercado editorial.
Por fim, Nathalia de Oliveira, autora de “Injúria”, baseou seu livro em sua pesquisa de mestrado e ressaltou as dificuldades enfrentadas pelas mulheres na literatura. Ela enfatizou a importância de encontrar espaços como o Escreva, garota! para incentivar e fortalecer a produção literária feminina.
Assim, a iniciativa da Fuvest em adotar uma lista de leitura obrigatória exclusiva de autoras mulheres representa um passo importante para promover a valorização e visibilidade das mulheres na literatura e na sociedade como um todo.