Inseminar é simples, porém ser pai envolve uma dimensão simbólica muito mais complexa. Nesse sentido, é importante distinguir a “genitoridade” da paternidade, para evitar constrangimentos às mulheres que não desejam chamar de pai o genitor de seus filhos. Muitos homens se recusam a assumir as responsabilidades decorrentes das concepções que geraram, mesmo sendo obrigados a arcar com as obrigações legais da reprodução.
Os pais que realmente merecem o título apresentam diversos perfis, desde os mais tradicionais até os mais contemporâneos. O modelo antigo, no qual o pai chegava em casa esperando que os filhos já estivessem prontos para dormir, está sendo substituído pela realidade em que as mulheres acumulam o trabalho dentro e fora de casa. Argumenta-se que os filhos necessitam mais das mães, o que resulta de milênios de mulheres dedicadas aos cuidados enquanto os homens negligenciavam essa parte da vida familiar.
Atualmente, os pais estão cada vez mais envolvidos no cuidado com os filhos, o que os obriga a repensar questões de masculinidade e paternidade. A educação de uma menina pode levar os pais a reconsiderar o que significa ser um homem protetor, não agressor, enquanto a criação de um menino implica em definir o que é a masculinidade para ele. A parentalidade pode contribuir para a construção de novos modelos masculinos, baseados na afetividade e na intimidade, afastando-se da noção tradicional de virilidade como sinônimo de opressão.
Portanto, os pais desempenham um papel fundamental na proteção e no cuidado das gerações futuras, contribuindo para a construção de uma masculinidade mais inclusiva e sensível. A exigência de heroísmo, comum entre as mulheres, também se estende aos homens, que precisam se engajar de forma mais efetiva na parentalidade e no cuidado com os filhos.