Um estudo realizado pela economista Ursula Mello, do Insper, analisou o impacto da lei, destacando um aumento de 31% na transferência de alunos da rede privada para a pública no último ano do ensino fundamental, antes do início do ensino médio. Isso foi evidenciado por meio da metodologia de diferenças em diferenças, que comparou grupos de controle e tratamento antes e depois da implementação das cotas.
Os números revelam que a migração de alunos da rede privada para a pública aumentou ano a ano, passando de uma taxa próxima a zero em 2011 para 6,5 em 2014. Este movimento motivou estudantes como Heloísa Bezerra, que optou por cursar o ensino médio na rede pública, visando o acesso às cotas e uma oportunidade de ingressar no ensino superior.
A Lei de Cotas, mesmo com alguns pontos controversos, como a possibilidade de beneficiar alunos que cursaram apenas o fim do ciclo básico em escolas públicas, tem contribuído para tornar o ambiente universitário mais diverso. Marcele Frossard, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, destaca a importância da inclusão de critérios socioeconômicos para garantir a equidade no acesso às vagas reservadas.
A atualização da Lei de Cotas em 2023 incluiu os quilombolas entre os beneficiados na reserva de vagas e reduziu o rendimento familiar máximo para os interessados nas vagas destinadas a pessoas de baixa renda. Para Ursula Mello, essa migração de alunos pode ser uma oportunidade de valorizar e investir no ensino público brasileiro, tornando-o mais visível e atrativo.
Em meio a discussões e ajustes na política de cotas, é importante reconhecer os avanços e desafios enfrentados, visando sempre a garantia do acesso igualitário à educação superior para todos os brasileiros.