O movimento mucker foi descrito como sociorreligioso pelo historiador Daniel Luciano Gevehr, envolvendo liderança religiosa de Jacobina Mentz Maurer, colonos empobrecidos e desassistidos que encontravam na seita mucker uma forma de suprir suas necessidades médicas, religiosas e educacionais. O conflito teve início devido a uma cisão religiosa no meio luterano predominante nas comunidades germânicas.
Os muckers, com cerca de 150 integrantes aos pés do Morro Ferrabrás, impuseram regras rígidas que desagradaram quem não fazia parte do grupo. Não consumiam álcool, não fumavam, não participavam de festas e excluíam seus filhos das escolas comunitárias. Essa postura separatista e alegações de crimes atribuídos aos muckers desencadearam tensões crescentes com os demais moradores da região.
O desfecho trágico do conflito ocorreu em agosto de 1874, quando ordens militares resultaram na perseguição dos líderes muckers, culminando na morte de 17 pessoas, incluindo a líder Jacobina Mentz Maurer. O termo “mucker” carrega consigo controvérsias, sendo associado a fanatismo religioso e interpretado de diversas maneiras.
O historiador Martin Norberto Dreher enfatiza a importância do episódio mucker para a compreensão da dinâmica migratória no sul do Brasil, evidenciando como os conflitos e tradições alemãs foram transportados para o território brasileiro. São Leopoldo, como pioneira da imigração alemã, tornou-se palco desse movimento que deixou marcas na história da região.