A proposta do Legislativo permitia que os estudantes optassem por uma área do conhecimento para ser avaliado no Enem, independente do itinerário cursado no ensino médio, mas essa alteração não entrará em vigor. Com o veto do presidente, a prova continuará ancorada na formação geral comum a todos os estudantes, ou seja, nas disciplinas tradicionais do currículo.
Para muitos especialistas, manter o Enem da forma como está deixa o Brasil em atraso, visto que outros países e avaliações internacionais já estão avaliando outras habilidades além dos conteúdos tradicionais. A falta de mudanças na principal avaliação do país acaba enfraquecendo a implementação dos itinerários formativos nas escolas.
O professor da Faculdade de Educação da USP, Daniel Cara, avalia que o veto foi uma decisão acertada do governo federal para garantir a igualdade de todos os estudantes na prova. Ele destaca a importância de manter a prova pautada no que é comum a todos, visando a isonomia necessária para o acesso à universidade.
Por outro lado, há quem defenda os itinerários formativos como uma forma de tornar a educação mais atrativa aos jovens e prepará-los para o mercado de trabalho. No entanto, houve relatos de alunos em São Paulo que ficaram sem aulas de disciplinas tradicionais, como história, geografia, biologia e química, em decorrência da implementação dos itinerários. Além disso, foram criadas novas matérias, como “brigadeiro gourmet” e “como se tornar um milionário”, que não estavam alinhadas com as necessidades para o Enem.
Apesar da batalha em torno da carga horária, a avaliação geral é de que as novas regras aprovadas mantêm a estrutura definida na reforma de 2017 e há pouca chance de o veto do presidente ser derrubado pelo Legislativo. Com isso, o Enem continuará sendo focado nas disciplinas comuns a todos, o que pode impactar o desenvolvimento dos itinerários formativos nas escolas.