Neste momento sombrio da história, em que poucas vozes emancipatórias conseguem construir uma plataforma comum global, temos testemunhado o surgimento de uma retórica triste, propagada em grande parte pelos movimentos neofascistas. A regressão e o politicídio tornaram-se marcas presentes em diferentes contextos sociais ao redor do mundo.
A ascensão de uma “vanguarda” reacionária, alimentada por uma comunicação que nutre o medo do outro, tem se internacionalizado devido ao avanço tecnológico. No entanto, apesar deste cenário desafiador, vozes feministas e negras têm resistido e se fortalecido, combatendo o racismo e o sexismo que permeiam o sistema capitalista.
As mulheres negras têm se destacado ao adotar uma perspectiva internacionalista para suas lutas, reafirmando sua união diaspórica na busca por justiça e igualdade. A história de opressão enfrentada pelas mulheres negras, especialmente durante a escravidão transatlântica, tem sido compartilhada em diferentes países das Américas, e é explorada por importantes pensadoras negras brasileiras, como Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro, Luiza Barros, Valdecir Nascimento e Jurema Werneck.
O Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho, é um marco importante que destaca a dimensão internacional das lutas das mulheres negras. Este dia, estabelecido em 1992 durante o 1º Encontro de Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas, tem se tornado uma data significativa para a reflexão e a ação em prol da igualdade racial e de gênero.
O “Julho das Pretas”, promovido pelo Odara – Instituto da Mulher Negra, tem ganhado força no Brasil como uma oportunidade para intensificar o debate sobre questões estruturais relacionadas ao racismo e ao sexismo. Este movimento representa uma janela de oportunidades generosa para internacionalizar a luta das mulheres negras e promover mudanças sociais profundas em escala global.
Em um momento em que o pacto civilizatório está em xeque, o engajamento e a solidariedade com as mulheres negras da Diáspora se tornam fundamentais para a construção de um mundo mais justo e igualitário. Como Angela Davis afirmou, quando uma mulher negra se move, toda a estrutura da sociedade se move com ela. Viva as mulheres negras da Diáspora!