Um dos pontos de justificação para a ocupação de Gaza é a suposta inclusão desse território em um grande reino unificado de Salomão, conforme descrito nos livros bíblicos. No entanto, a análise histórica e arqueológica revela que essa versão dos fatos não condiz com a realidade.
Apesar da Bíblia apresentar Salomão como um rei poderoso, que governava um vasto território, estudos recentes indicam que um reino unificado de Davi ou Salomão, como descrito nas escrituras, nunca existiu. As riquezas e construções atribuídas a Salomão foram, na verdade, realizadas por outros reis da região em épocas posteriores.
Durante a Antiguidade, Gaza nunca fez parte dos reinos de Israel ou de Judá, estando sob influência dos egípcios e, posteriormente, tornando-se um centro filisteu. A criação das narrativas lendárias sobre Salomão foi um processo de reinvenção da história de Judá, visando fortalecer sua identidade coletiva.
É fundamental compreender o contexto histórico e a natureza desses textos bíblicos, escritos sob a perspectiva do trauma exílico, para evitar interpretações literais e questionar o uso político dessas narrativas antigas nos dias de hoje. A análise crítica desses textos pode contribuir para uma visão mais ampla e esclarecedora sobre os conflitos atuais e as alianças políticas envolvendo questões religiosas.