Projetada pelo arquiteto Paul Pedraurrieux, a Vila Maria Zélia foi considerada um modelo de vila operária no seu tempo. O nome da vila foi uma homenagem à filha de Street, Maria Zélia, falecida durante a construção do complexo. A vila mantém até os dias atuais o traçado das ruas da época de sua fundação, embora muitos prédios de uso coletivo estejam em ruínas.
No entanto, a história da Vila Maria Zélia também é marcada por tensões trabalhistas. Em 1917, ano de sua fundação, eclodiu a primeira greve geral no Brasil, deflagrada em uma fábrica nas proximidades. Os operários, especialmente os anarquistas, viam a vila como uma forma de dominação por parte do patrão, Jorge Street. Os moradores eram submetidos a regulamentos moralizantes e controle sobre suas atividades dentro da vila.
Apesar das controvérsias, a Vila Maria Zélia proporcionava uma convivência intensa entre os trabalhadores, gerando novas formas de socialização e vínculos identitários fora dos interesses do empresário. A vila, hoje tombada como patrimônio histórico, mantém um charme discreto e alguma agitação cultural, graças às iniciativas da Associação Cultural Vila Maria Zélia e do grupo XIX de Teatro.
Esse complexo residencial, que já foi lar de trabalhadores da indústria têxtil, representa um pedaço importante da história paulistana, preservando não apenas a arquitetura da época, mas também as histórias e memórias daqueles que ali viveram e trabalharam. A Vila Maria Zélia é um verdadeiro tesouro histórico que merece ser visitado e valorizado por todos.