De acordo com a pasta ministerial, um grupo de aproximadamente dez pessoas foi alvo de agressões por cerca de 50 homens armados no último sábado em Douradina. Já no domingo, os indígenas foram novamente alvos de tiros em Caarapó. As informações preliminares indicam que pelo menos duas pessoas foram feridas na região, incluindo um cacique de 52 anos.
Até o momento, a reportagem não obteve resposta da Polícia Federal de Mato Grosso do Sul sobre os incidentes. Segundo o Ministério, a Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica, em Douradina, foi demarcada pela Funai em 2011, porém três ações judiciais estão impedindo o avanço do processo de demarcação. Já a Terra Indígena Amambaipegua I, em Caarapó, teve sua delimitação em 2016, mas atualmente a Funai está analisando contestações relacionadas a essa demarcação.
Além dos casos em Mato Grosso do Sul, houve recentemente conflitos de terra envolvendo indígenas nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul. No oeste do Paraná, 22 famílias que viviam na Terra Indígena Guasu Guavirá, em Terra Roxa, iniciaram a retomada dos territórios Arakoé e Arapoty, sendo alvo de ataques desde o início do mês.
No Rio Grande do Sul, no município de Pontão, indígenas também foram alvos de ataques, com disparos de armas de fogo e incêndio criminoso em um veículo da comunidade indígena. A Polícia Federal do estado confirmou ter registros dos disparos ocorridos no dia 10 de julho, mas o caso do veículo queimado não foi oficializado.
Diante dessas situações, o Ministério informou que iniciará um trabalho de mediação dos conflitos nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, em conjunto com o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. A pasta ressaltou que a instabilidade gerada pela lei do marco temporal e a falta de definição territorial têm contribuído para atos de violência contra os indígenas, sendo estes os principais afetados.
O Conselho Indigenista Missionário, em nota, denunciou a naturalização da violência contra as comunidades indígenas e a inação dos órgãos federais diante desses ataques. A entidade apontou para a impunidade dos ruralistas que têm praticado esses atos violentos. A situação é alarmante e requer ação imediata das autoridades competentes para garantir a segurança e o respeito aos direitos dos povos indígenas.