Em uma entrevista exclusiva à Folha, a ativista Lisa Sánchez, diretora da ONG México Unido Contra o Crime, expressa sua preocupação em relação à falta de regulamentação do uso de drogas no Brasil. Segundo ela, a ausência de leis nesse sentido mantém os usuários em contato com o narcotráfico e pode gerar situações semelhantes às observadas no México.
Apesar da vitória representada pela descriminalização e permissão para cultivo da maconha, a falta de regulamentação completa ainda gera problemas. A obtenção de autorizações individuais para o uso da droga cria uma divisão entre cidadãos, sendo considerado um processo elitista e pouco acessível para a maioria.
No Brasil, estudos indicam que a maioria dos processos por tráfico de drogas envolve pessoas negras, pobres e sem ligação direta com o tráfico, evidenciando a desigualdade na aplicação das leis. A falta de uma legislação específica para regulamentar a questão da maconha no país é vista como um obstáculo na proteção dos direitos dos usuários.
No entanto, o avanço na regulamentação das drogas no México encontra obstáculos, sobretudo devido à resistência militar e à falta de consenso político. A falta de vontade política e o poder dos militares na tomada de decisões comprometem o progresso rumo a uma regulação mais ampla e segura.
Mesmo diante dos desafios enfrentados, ativistas como Lisa Sánchez e organizações como o México Unido Contra o Crime permanecem engajados na luta por uma política de drogas mais justa e inclusiva. A batalha pela regulamentação não se encerra nos tribunais, mas continua sendo travada em diferentes frentes em busca de um cenário mais equilibrado e justo para todos.