Juros futuros fecham em forte alta acima de R$ 5,60, pressionados pelo câmbio e exterior, com ajuste técnico e zeragem de posições vendidas.

Os juros futuros encerraram o pregão desta segunda-feira em uma forte alta, pressionados pelo câmbio e pelo cenário externo. O dólar chegou a ultrapassar a marca dos R$ 5,60, enquanto a taxa da T-Note de 10 anos se aproximou novamente dos 4,50%. Esse contexto acabou desencadeando ajustes técnicos significativos, resultando em movimentos intensos de zeragem de posições vendidas e inflando o volume de contratos negociados. No fechamento, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,835%, frente aos 10,733% do pregão anterior, enquanto o DI para janeiro de 2026 subiu de 11,55% para 11,77%. O DI para janeiro de 2027 apresentou uma taxa de 12,06%, contra 11,93% no ajuste anterior, e o DI para janeiro de 2029 ficou em 12,38%, ante 12,31%.

Durante a manhã, as pressões sobre a curva estavam relativamente controladas, com as taxas curtas e intermediárias registrando leve alta e as longas seguindo próximas dos ajustes anteriores, enquanto o dólar ainda não apresentava uma direção definida. No entanto, no período da tarde, a situação se deteriorou, especialmente devido ao cenário externo, com os juros dos Treasuries acelerando os avanços. A decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de conceder imunidade parcial a Donald Trump em processos legais aumentou as expectativas de uma vitória republicana nas eleições presidenciais de novembro, o que pode resultar em políticas expansionistas. Com isso, o yield da T-Note de dez anos encerrou em 4,469%, afastando-se das máximas próximas de 4,49%.

Diante da pressão dos Treasuries, o dólar atingiu novas máximas, ultrapassando os R$ 5,65, e os juros ampliaram suas altas para mais de 20 pontos-base nos vencimentos de curto prazo, com movimentos de stop loss. A Bradesco Asset elevou sua projeção de IPCA para 2024 de 3,7% para 3,8%, refletindo a depreciação do real no último mês, mas manteve a estimativa para 2025 em 3,8%, considerando a expectativa de uma Selic elevada por mais tempo. Simultaneamente, os receios em relação às contas públicas aumentam à medida que a data de apresentação do relatório bimestral de receitas e despesas se aproxima. A expectativa é de que o governo tenha que adotar medidas concretas para cumprir as metas fiscais, mas até o momento, o mercado aguarda por ações efetivas que sinalizem disciplina fiscal.

No cenário político, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, reforçou o compromisso do governo com o arcabouço fiscal e o limite para o crescimento de despesas imposto pela regra. No entanto, apesar da retórica, o mercado aguarda ações concretas antes de se convencer da efetiva disciplina fiscal do governo. O presidente Lula também manteve suas críticas ao Banco Central e ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, reiterando o seu posicionamento em relação às políticas econômicas atuais.

No Boletim Focus, após o Relatório de Inflação (RI), as medianas de IPCA e câmbio sofreram novas deteriorações. A expectativa de inflação para 2024 subiu para 4% e para 2025, para 3,87%, enquanto a projeção para a taxa de câmbio também foi ajustada. Com o mercado atento às movimentações políticas e econômicas, o cenário futuro para a economia brasileira segue sujeito a incertezas e volatilidade nos mercados financeiros.

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