Discurso pró-armamento prevalece no Congresso Nacional há uma década, aponta pesquisa do Instituto Fogo Cruzado.

O discurso pró-armamento tem se destacado e ganhado espaço nos debates no Congresso Nacional há pelo menos uma década, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Fogo Cruzado. O estudo aponta que a defesa do armamento civil tem dominado as discussões legislativas, com 69% dos discursos realizados entre os anos de 2015 e 2023 sendo favoráveis ao armamento, enquanto apenas 29% foram favoráveis ao controle de armas e 2% neutros.

O tema ganhou relevância a partir da legislatura iniciada em 2015, mesmo antes da ascensão de Jair Bolsonaro à presidência, mas em um movimento que acompanhou sua trajetória política. É interessante observar que, durante o governo Temer, houve um recorde de violência letal e a flexibilização das normas sobre armamento, permitindo que caçadores, atiradores e colecionadores transportassem armas municiadas.

Com a chegada de novos parlamentares, sobretudo de perfil conservador, houve um aumento na defesa do armamento civil, resultando em uma maior instabilidade entre Executivo e Legislativo. Durante o governo Bolsonaro, políticas de ampliação do acesso a armas avançaram por meio de decretos e portarias, enfraquecendo os mecanismos de controle e fiscalização.

A eleição de parlamentares com discurso armamentista aumentou a desigualdade entre os campos pró-armamento e pró-controle, com um maior número de discursos favoráveis ao armamento na atual legislatura. Isso pode ser atribuído à eleição de representantes alinhados ao bolsonarismo e ao apoio do Grupo Proarmas, que elegeu 7 senadores e 16 deputados federais.

Embora o campo pró-armamento seja predominante entre homens e brancos, a presença de mulheres e jovens nesse grupo tem aumentado. Segundo a gerente de pesquisa do Instituto Fogo Cruzado, é importante questionar se a ampliação do acesso a armas realmente contribui para a segurança da população, considerando os riscos associados à violência armada.

Os discursos analisados revelaram a falta de referências e fontes de dados em grande parte das argumentações, o que dificulta a verificação da veracidade das informações apresentadas. Os temas mais abordados foram o medo da violência e o papel do cidadão de bem, defendendo a necessidade de armas para proteção pessoal e alegando que o Estado não consegue controlar a violência sozinho.

Parlamentares favoráveis ao controle de armas, por sua vez, abordaram questões técnicas sobre a relação entre políticas de armamento e segurança pública, questionando as funções e limites de atuação do Executivo e Legislativo nesse tema e discutindo os impactos diferenciados das armas em diferentes grupos populacionais.

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