Nascido em Caxias (MA) em 1955, Raimundo foi criado por pais adotivos e desde cedo aprendeu a conciliar o trabalho na roça com os estudos. Chegou ao Quilombo Santa Cruz, localizado em Capinzal do Norte (MA), onde dedicou quase 50 anos de sua vida em prol da comunidade. Era casado com Lenilsa e juntos tiveram oito filhos, sofrendo a perda de dois deles ao longo dos anos.
O legado deixado por Raimundo Bertoldo Cearense transcende as fronteiras de sua comunidade. Além de defender a preservação das matas virgens e conscientizar sobre a importância do meio ambiente, o líder quilombola era conhecido por sua atitude solidária e acolhedora com todos os que o procuravam em busca de ajuda.
Ronaldo Mota Cearense, filho de Raimundo, destaca a importância do pai na defesa dos interesses da comunidade quilombola e na busca por melhorias para todos. Raimundo era conhecido por sua dedicação em regularizar documentações e garantir benefícios como o programa Minha Casa Minha Vida para os moradores do quilombo.
Apesar de ter perdido um braço em um acidente de trabalho em 1972, Raimundo nunca desanimou e continuou trabalhando como lavrador até seus últimos dias. Sua morte, denunciada pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais e Quilombolas (Conaq), deixa um vazio na comunidade quilombola e naqueles que tiveram a oportunidade de conviver com ele.
Raimundo deixou um legado de luta, solidariedade e respeito, ensinando valores importantes aos seus filhos e netos. Sua morte deixa um sentimento de tristeza e revolta, mas também a certeza de que seu exemplo de comprometimento com a comunidade quilombola jamais será esquecido.