O perigo do “jogo do tigrinho”: influenciadores presos, viciados em dívidas e o desafio para autoridades e profissionais de saúde.

No interior de São Paulo, a enfermeira Gabriely Sabino foi encontrada na última sexta-feira (21) após passar uma semana desaparecida. Em uma entrevista coletiva, Gabriely admitiu ter fugido de casa devido às dívidas acumuladas em um jogo de caça-níquel online conhecido como “jogo do tigrinho”. Esse caso chocante ilustra a crescente problemática dos jogos de azar no Brasil, que não só afetam a vida financeira dos indivíduos, mas também representam um desafio para as autoridades policiais e profissionais de saúde.

Em Alagoas, dois influenciadores digitais foram presos por promoverem ganhos falsos no mesmo jogo de apostas, evidenciando a disseminação desse problema por diversos estados brasileiros. No Maranhão, a polícia investigou casos de suicídio relacionados a perdas significativas no jogo, demonstrando as consequências devastadoras que o vício em apostas online pode acarretar.

Denominado oficialmente de Fortune Tiger, o jogo oferece a ilusão de ganhos rápidos, utilizando um layout semelhante a máquinas caça-níqueis. O design do jogo é atraente e desafiador, estimulando os jogadores a combinarem símbolos para receberem prêmios em dinheiro. No entanto, inúmeros relatos de consumidores presentes no site Reclame Aqui revelam experiências negativas, com usuários alegando perdas financeiras e dificuldades em recuperar seus ganhos.

O psiquiatra Rodrigo Machado, do Instituto de Psiquiatria da USP, alerta sobre o ciclo vicioso criado pelo jogo, enfatizando a complexidade do vício em comportamentos sedutores para o cérebro, como o transtorno do jogo. Machado explica que o Fortune Tiger possui todos os elementos dos jogos de azar, mas com um design mais agressivo, tornando-o altamente viciante.

Além disso, a exploração de crianças e adolescentes pelo jogo é uma preocupação crescente, com influenciadores contratados para direcionar a publicidade a esse público vulnerável. O Instituto Alana denunciou a Meta, empresa detentora do Instagram, por permitir essa prática, que viola a proteção infantojuvenil e estimula o vício em jogos de azar desde cedo.

Diante da legislação brasileira que proíbe jogos de azar, as autoridades enfrentam desafios na criminalização e fiscalização das plataformas de caça-níquel online sediadas em paraísos fiscais no exterior. A prisão de influenciadores suspeitos de divulgar o jogo levanta questões de pirâmide financeira, propaganda enganosa e sonegação fiscal, evidenciando a necessidade de medidas rigorosas para combater essa grave questão social.

Em meio a esse cenário preocupante, é fundamental conscientizar a população sobre os riscos dos jogos de azar e promover ações efetivas para proteger os cidadãos, em especial as crianças e adolescentes, dos danos causados pelo vício em apostas online. A sociedade como um todo deve se unir para enfrentar esse problema e garantir um ambiente seguro e saudável para todos os brasileiros.

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