Desembargador suspeito de negociar R$ 1 milhão para beneficiar aliado de Beira-Mar é afastado do TJ-SP e investigado

O renomado desembargador Ivo de Almeida, de 66 anos, encontra-se afastado do Tribunal de Justiça de São Paulo sob a acusação de venda de sentenças. De acordo com a representação da Procuradoria-Geral da Justiça, Almeida teria negociado uma decisão favorável a um réu durante uma missa de sétimo dia, conforme apontam as investigações da Polícia Federal.

A negociação teria ocorrido em um dos quatro casos investigados, com base em diálogos de WhatsApp interceptados pela Polícia Federal. A operação, denominada “Churrascada”, remete ao termo utilizado pelos investigados como código para indicar o dia do plantão de Almeida na 1ª Câmara Criminal.

Para realizar a negociação de propina, o desembargador contava com a ajuda de dois intermediadores, Valmi Lacerda Sampaio e Wilson Vital de Menezes Junior, que negociavam com os advogados dos criminosos. Mesmo com a morte de Valmi, Wilson e Almeida se encontraram durante a missa de sétimo dia para fechar os detalhes da cobrança por um habeas corpus em favor de um criminoso condenado por roubo e furto.

Embora a representação da PGR não especifique o valor da propina acertada, mensagens anteriores indicavam valores entre 100 a 150 mil reais. A família do preso, no entanto, não conseguiu reunir o montante acordado, o que resultou na negação do habeas corpus. Posteriormente, Almeida acatou parcialmente o pedido de apelação do criminoso, alterando o regime de pena para semiaberto, o que gerou estranheza pela mudança em relação a suas decisões anteriores.

Além disso, há suspeitas de prática de rachadinha no gabinete de Almeida, com depósitos em dinheiro totalizando R$ 641 mil entre fevereiro de 2016 e setembro de 2022, coincidindo com os dias de vencimento dos cartões de crédito do desembargador. O afastamento do magistrado foi determinado pelo ministro Og Fernandes, do STJ, por um ano, e a Corregedoria Nacional de Justiça instaurou Reclamação Disciplinar contra ele.

Diante dessas graves acusações, os colegas de Almeida no TJ-SP expressam surpresa e defendem que é necessário conceder o benefício da dúvida ao desembargador neste momento crucial. Almeida, que ingressou na magistratura em 1987, é alvo de investigações que chocam a comunidade jurídica, especialmente a cobrança de propina de R$ 1 milhão para favorecer um narcotraficante ligado a Fernandinho Beira-Mar.

Este escândalo revela a fragilidade e a corrupção que ainda assolam o sistema judiciário, clamando por uma investigação rigorosa e imparcial para garantir a justiça e a ética no exercício da magistratura.

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