Resgate de 89 usuários de drogas em comunidade terapêutica de SP expõe casos de tortura e cárcere privado

A polícia realizou uma operação nesta terça-feira (25) na Ilha do Bororé, no extremo sul de São Paulo, resgatando 89 usuários de drogas de uma comunidade terapêutica. Entre os resgatados, 24 eram adolescentes. A ação, desencadeada após denúncias de maus tratos, tortura e cárcere privado, resultou na prisão de cinco funcionários, incluindo uma psicóloga. Dois dos internos resgatados precisaram ser hospitalizados devido a sinais de agressão.

A Promotoria de Infância e Juventude de São Paulo iniciou as investigações após a denúncia de uma mãe de um adolescente internado na comunidade terapêutica. A instituição, conhecida como Instituto Viver Melhor e administrada por um casal identificado como pastor Gil e Solange Novaes Soares, mantém outras duas unidades no extremo sul da capital: Bandeirante e Viva La Vida. Segundo apurações, o casal mudava frequentemente o nome das instalações para evitar fiscalizações.

Durante a operação, os promotores encontraram diversos sinais de agressão nos internos resgatados, incluindo marcas de queimadura, cortes e hematomas. Um dos resgatados foi encontrado em estado grave, com suspeita de fratura nas costelas e sob efeito de calmantes. Os adolescentes resgatados foram encaminhados às suas famílias e ao conselho tutelar da região, enquanto dois internos com doenças psiquiátricas foram levados para centros de assistência social.

Segundo os depoimentos dos resgatados, o tratamento na comunidade terapêutica incluía atividades abusivas, como passar a noite dentro de um lago para pescar com as mãos e realizar serviços braçais durante a madrugada. Além disso, eles relataram ter sido ameaçados e agredidos pelos funcionários do local. A defesa do casal responsável pela instituição alega não ter conhecimento das práticas abusivas e que os internos não eram impedidos de deixar o tratamento.

A Justiça determinou a prisão preventiva de três dos cinco funcionários presos em flagrante. Entre eles, estavam um paciente psiquiátrico ainda internado na comunidade terapêutica e dois ex-internos voluntários que auxiliavam na monitoria do local. O caso continua em investigação para apurar todas as irregularidades encontradas na instituição.

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