Estudo aponta aumento de apreensão de drogas na Amazônia Legal em estados que reduziram desmatamento entre 2022 e 2023

Um estudo inovador realizado pelo Centro de Estudos sobre Drogas e Desenvolvimento Social Comunitário (Cdesc), vinculado à Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça, revelou uma conexão surpreendente entre a redução do desmatamento na Amazônia Legal e o aumento das apreensões de drogas em alguns estados da região.

Segundo o levantamento, estados como Acre, Amazonas, Pará e Rondônia conseguiram reduzir significativamente o desmatamento entre 2022 e 2023, porém, tiveram um crescimento expressivo nas apreensões de maconha e cocaína. No caso de Rondônia, por exemplo, que obteve a maior redução percentual no desmatamento, houve um aumento de 179,5% nas apreensões de maconha e 8,1% nas apreensões de cocaína realizadas pelas polícias estaduais.

O estudo destacou também o caso do Pará, que apesar de manter-se estável no desmatamento, registrou um aumento significativo nas apreensões de maconha (200,1%) e cocaína (124,3%). Já o Amazonas apresentou uma queda na apreensão de maconha, porém, teve um aumento de 50,8% nas apreensões de cocaína, mesmo com a redução no desmatamento.

Além disso, o estudo intitulado “Tráfico de Drogas na Amazônia e Efeitos no Meio Ambiente: Uma Análise Exploratória” levanta questões sobre a relação entre a atuação de organizações criminosas que traficam drogas e a degradação do meio ambiente. A investigação utilizou dados de órgãos como o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública do Ministério da Justiça e da Polícia Federal, buscando compreender melhor essa relação complexa.

Os autores do estudo alertam para a tendência de desmatamento próximo a terras indígenas e a proliferação de pistas de pouso não registradas nessas áreas, demonstrando a importância de novos levantamentos e informações para compreender como o mercado ilícito tem afetado as populações indígenas. O estudo também destaca a apropriação ilegal de terras para o cultivo de drogas, incluindo territórios indígenas, e esquemas de proteção e extorsão utilizados pelo tráfico de drogas nesses contextos.

Portanto, a pesquisa realizada pelo Cdesc traz à tona uma problemática que envolve não apenas a questão ambiental, mas também a segurança pública e a proteção das populações indígenas na região amazônica. Esse estudo pioneiro certamente contribuirá para a elaboração de políticas mais eficazes no combate ao tráfico de drogas e à degradação do meio ambiente nessa importante região do Brasil.

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