Descriminalização da maconha é passo inicial na longa fila de temas sobre drogas que o Brasil precisa enfrentar, afirmam especialistas.

Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) acatou a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal, após nove anos de análise. Embora a decisão não encerre a polêmica, especialistas acreditam que esse é um passo importante para o debate sobre drogas no Brasil.

Segundo Dudu Ribeiro, da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, a descriminalização de outras drogas além da maconha seria a próxima etapa necessária. Ele argumenta que tratar o consumo de drogas na esfera criminal tem sido prejudicial, resultando em prisões e mortes, principalmente de populações negras e pobres.

O professor de psiquiatria da Unicamp, Luís Fernando Tófoli, também defende a legalização da maconha como um passo ideal após a descriminalização. Ele ressalta a importância de regularizar o acesso à maconha, controlando os riscos de forma mais eficaz do que deixando nas mãos do tráfico.

Além disso, o tratamento com maconha medicinal tem sido uma pauta crescente na área de saúde, porém, o acesso ainda é limitado a processos complexos de importação. O pesquisador Lauro Pontes destaca a necessidade de levar o tratamento com maconha medicinal para o sistema público de saúde, tornando-o mais acessível a todos.

Para o tratamento de outras drogas, como crack, cocaína e heroína, os especialistas recomendam alternativas à abstinência e internações compulsórias. Nathália Oliveira, da Iniciativa Negra, ressalta a importância de políticas de atenção e tratamento que priorizem o cuidado em liberdade, citando programas bem-sucedidos como o De Braços Abertos em São Paulo e o Corra para o Abraço na Bahia.

Os especialistas também enfatizam a importância dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) na rede de tratamento em liberdade, ressaltando que a informação é fundamental para lidar com os efeitos do uso de drogas. Medidas como a redução de danos, testes de drogas em festas e espaços de uso público, como os existentes em Portugal e Holanda, são citadas como formas eficazes de lidar com o problema de drogas.

Dessa forma, a descriminalização da posse de maconha para uso pessoal é apenas o primeiro passo em uma série de discussões necessárias sobre políticas de drogas no Brasil. A saúde, a liberdade e o acesso a tratamentos adequados e humanizados devem ser prioridades nesse debate em busca de soluções mais eficazes e justas para a sociedade.

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