Cremesp mantém processos contra médicos por aborto legal em SP, desafiando decisão do STF de Alexandre de Moraes.

O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) está em meio a uma polêmica por manter processos administrativos abertos contra pelo menos dez médicos que realizaram abortos legais na rede pública de saúde. Essa medida vai contra uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que proibiu punições aos profissionais motivadas por uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Os médicos envolvidos trabalham no Hospital Maternidade Vila Nova Cachoeirinha, localizado na zona norte da capital paulista, e realizaram os procedimentos em mulheres vítimas de estupro. Segundo informações de fontes próximas aos casos, o Cremesp não formalizou às defesas dos médicos que os processos estariam suspensos, o que indica que as sindicâncias continuam em andamento.

O Conselho paulista já votou pela interdição cautelar de duas médicas, podendo levar à cassação definitiva de seus registros, decisão que cabe ao CFM. Mesmo com decisões liminares favoráveis às médicas, o Cremesp recorreu e apresentou recursos, causando ainda mais controvérsia nesse cenário.

Em maio, o ministro Alexandre de Moraes suspendeu todos os processos contra médicos baseados na norma do CFM e proibiu a instauração de novos procedimentos. Essa decisão foi motivada pelo pedido de ingresso do próprio Cremesp como amicus curiae na ADPF 1141, que questiona a norma do CFM.

Apesar dos casos de aborto legal analisados pelo Cremesp serem anteriores à resolução em questão, a autarquia afirmou que tem punido médicos com base nessa norma suspensa. Há também investigações em andamento sobre o acesso ilegal aos prontuários das pacientes e acusações graves contra as médicas envolvidas nos procedimentos legais.

É importante ressaltar que o aborto é considerado legal no Brasil em determinadas situações e não existe um limite gestacional estabelecido por lei. A suspensão do serviço de aborto legal no Hospital Vila Nova Cachoeirinha gerou repercussão, levando algumas vítimas de estupro a ter que viajar para outros estados em busca do procedimento.

Toda essa situação envolvendo o Cremesp e os médicos que realizaram abortos legais em vítimas de estupro levanta questionamentos éticos e legais, além de evidenciar a complexidade do tema no cenário brasileiro. São episódios como esses que colocam em debate a necessidade de uma legislação mais clara e abrangente em relação ao aborto no país.

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