Canadá lidera regulamentação das redes sociais e serviços on-line, inspirando outros países a adotarem medidas para combater conteúdo nocivo

O Canadá está na vanguarda da regulamentação das redes sociais e serviços on-line, com leis que visam garantir a sustentabilidade da mídia local e proteger os usuários contra conteúdos nocivos. Uma dessas leis requer que plataformas de streaming financiem a mídia local e promovam conteúdo nacional, enquanto outra determina que buscadores paguem pela exibição de notícias produzidas pela mídia local. Além disso, há uma proposta em discussão no Parlamento que pretende responsabilizar mídias e plataformas por reduzir a exposição a conteúdos prejudiciais, como bullying, sexualização de crianças, incitação ao extremismo, violência e ódio.

O professor Taylor Owen, da Universidade McGill, compartilhou a experiência canadense em Brasília, onde discutiu a importância da regulamentação das plataformas digitais e a sustentabilidade do jornalismo. Ele ressaltou que as plataformas têm um papel crucial na mediação da democracia, decidindo quem pode falar, como a mensagem é distribuída e a quem ela alcança.

No Brasil, muitos questionam se a regulamentação das redes sociais pode ferir a liberdade de expressão. Owen argumenta que a regulação não deve focar no conteúdo em si, mas sim na forma como os algoritmos das plataformas distribuem e amplificam o conteúdo, além de incentivar certos comportamentos. Ele destaca que a regulamentação pode ajudar a lidar com problemas como abuso de dados pessoais, desinformação, discurso de ódio e pornografia infantil.

Em relação à polarização política no Brasil, Owen acredita que a regulação das plataformas é essencial para combater a disseminação de informações falsas e o aumento da divisão na sociedade. Ele destaca que a regulação não deve determinar o que pode ser dito, mas sim garantir que os conteúdos sejam seguros.

O Canadá, junto com a União Europeia, Reino Unido e Austrália, lidera a regulamentação das redes sociais, mas outros países, como Indonésia, Malásia, África do Sul e Brasil, também estão avançando nesse sentido. Owen destaca a importância de uma regulação inteligente para a internet, que possa garantir a segurança dos usuários.

Em relação à inteligência artificial no jornalismo, Owen expressa preocupação com acordos entre grandes veículos de comunicação e empresas de IA, que poderiam comprometer a autenticidade e independência da produção jornalística. Ele acredita que a IA pode trazer benefícios para os jornalistas, mas alerta para o risco de desvalorização do papel do jornalismo por parte das empresas de inteligência artificial.

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